O tribuno

Os contemporâneos de Leonardo Coimbra, entre os quais os seus discípulos Álvaro Ribeiro, José Marinho e Sant´Anna Dionísio, dão vasto testemunho das suas capacidades oratórias. Igualmente, a imprensa da época, nos muitos registos que fez das conferências e orações leonardinas, é unânime sobre a imagem do tribuno do verbo eloquente. Desde cedo, nos comícios políticos em que participou, ainda estudante da Politécnica do Porto, o dom da palavra em Leonardo fascinou as audiências. Mas este moço, oriundo da pacatez de Borba de Godim, agora turbulento, de capa de estudante traçada sobre os ombros, a proferir máximas libertárias e igualitárias em revoadas apoteóticas, polémico na palavra, irreverente na atitude, aonde fora buscar a facilidade discursiva com que se exprimia? Que mestres tivera, se os teve, que o introduziram na arte da retórica, que o iniciaram na oratória, que lhe ensinaram as técnicas da persuasão?

Foi o contexto social e político dos inícios do século XX, onde pululavam oradores de diversa origem e de estirpe republicana, propício à iniciação de Leonardo Coimbra. Não teve, com efeito, mestres. Começou, como conjectura Álvaro Ribeiro, por imitar os oradores republicanos. Das assembleias escolares para a praça pública, o talento natural do jovem tribuno para artífice da palavra, as suas qualidades literárias e de pensamento, cedo o distinguiram dos seus congéneres anarquistas e dos oradores da Primeira República...

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